DESDE 1898 È MISSIONÁRIO NO BRASIL...
Os primeiros anos da vida religiosa de Frei Daniel na Ordem decorrem alegremente e no ano de 1896, com a idade de 20 anos, já é professo solene; estuda Teologia com proveito cultivando no seu coração grandes ideais: a Missão, por exemplo!...
Passaram-se somente poucos anos desde a abertura da nova Missão capuchinha nas matas do Norte e Nordeste do Brasil e os frades lombardos que partem, praticamente são sempre os primeiros. Frei Daniel com o ardor de seu jovem espírito pede para ser enviado. Frei Daniel, joven missioneiro, e em baixo lepprosoOs Superiores aceitam seu pedido e assim no dia 08 de agosto de 1898 - não é ainda sacerdote parte para o Brasil na companhia de outros frades jovens cheios de entusiasmo como ele... Acompanha-os nessa longa viagem o Superior Regular, Frei Reinaldo Panigada de Paullo, que tinha vindo à Itália de propósito para procurar reforços. Este grande missionário será um dos Mártires de Alto Alegre: somente três anos depois!... Ah, quanto é bonita e dura e exaltante a aventura missionária!...
Em setembro Frei Daniel chega ao Nordeste e, destinado à cidade de Canindé (Ceará), continua com fervor o estudo da Teologia empenhando-se de corpo e alma para aprender a língua portuguesa a fim de entregar-se totalmente ao serviço do novo povo. No dia 19 de março de 1898, dia comemorativo de São José, Frei Daniel é ordenado sacerdote e alguns dias depois - exatamente no dia 25 do mesmo mês, festa da Anunciação - celebra sua primeira missa no Santuário de São Francisco das Chagas em Canindé.
O Leitor procure lembrar-se deste particular, pois o retornaremos na emoção das últimas páginas. No início do século - 22 de fevereiro de 1900 - ele é transferido para a Colônia Agrícola de Santo Antônio do Prata, no Pará, como Diretor dos meninos indígenas que habitavam naquele Colégio. A este primeiro e específico trabalho entrega-se com todo o ardor organizando com carinho e inteligência a vida das crianças: o amor de Cristo ferve em suas veias de jovem missionário!...
Frei Daniel, primeiro a esquerdaNo entanto, alguns acontecimentos relevantes e muito tristes para a Missão estão se preparando. Acontecerão dentro em breve para pôr à prova o desempenho, a coragem e as virtudes humanas e cristãs de Frei Daniel!...
No dia 13 de março, de fato, nas primeiras horas do amanhecer acontece uma tragédia horripilante: quatro frades, sete freiras também capuchinhas, de duzentos e cinqüenta a trezentos fiéis cristãos são massacrados cruelmente pela fúria homicida de um grupo de índios Guajajaras que não toleravam as normas disciplinares introduzidas pelos missionários e tinham fechado há tempo os olhos à santa novidade do Evangelho. Frei Carlos Roveda de S. Martino Olearo, glorioso Fundador da Missão, venerando Superior Regular em ato, solícito Superior da Colônia do Prata, onde há poucos meses presta seu serviço também o Frei Daniel, não agüenta a dor atroz. Em face dessa hecatombe e dos cadáveres insepultos, horrivelmente deformados pela ação rápida e impiedosa do tempo e das feras, Frei Carlos sofre uma queda física e moral, perdendo irremediavelmente a memória e a capacidade de ação, de modo que toda a administração da Colônia Agrícola de Santo Antônio do Prata recai improvisamente sobre os ombros do jovem missionário Frei Daniel: tem 25 anos de idade!...
Este do Prata é um capítulo muito importante na vida de Frei Daniel. São treze anos ininterruptos de apostolado santo, de realizações sociais que deixam sem fôlego... Tudo isso com uma força que lhe vinha da forte convinção de ter sido enviado pelo Bom Deus em pessoa. Ele, ele mesmo, para anunciar o Evangelho, para ser o pai de todos aqueles colonos, de todos aqueles índios no meio daquelas florestas... Este aspecto da vida de Frei Daniel passou decididamente em segunda linha: preferiu-se pensá-lo hanseniano fechado no horror do Tucunduba, em lugar de missionário entregue a toda atividade... Mas também neste apostolado "aberto" ele demostrou-se grande, excelso e fez bem Frei Camilo Micheli em chamálo no seu livro: Gigante do Prata!... Por 13 anos consecutivos Frei Daníel foi missionário no verdadeiro sentido da palavra e assim nesse impulso, nunca deixou de sê-lo nem sequer entre os muros do Leprosário. Por 13 anos consecutivos cuidou dos índios, dos filhos deles, de modo especial. Não temos muita certeza, mas por aquilo que sabemos nos parece poder afirmar que Frei Daniel viveu com os Índios mais do que todos os outros missionários, ao menos continuadamente. Por isso, para celebrar também o "Pai dos Índios" dirigimo-nos mais uma vez ao nosso artista - Rogério Martins - pedindo-lhe que fixasse nas cores também esse aspecto da vida de Frei Daniel. Preferimos deixá-lo livre: o Leitor pode ver o resultado. Frei Daniel é captado como hábil disponível timoneiro que conduz os habitantes da selva para o esplendor da Cruz. É uma "visão" quefaz ecoar antigas profecias e as realiza dentro do contexto exuberante da Natureza incontaminada a ser consagrada a Cristo... Emerge a Cruz - luminosissima - das águas e o barco principal se dirige decididamente em direção àquele clarão intenso que incendeia a floresta e declara fortemente uma Presença. O verde acompanha o fluir das águas e é pensado mais como um túnel do que uma parede a céu aberto. É por isso que a Cruz é tão incendescente e não perde absolutamente seu esplendor com o crescer do dia. Frei Daniel é visto como o timoneiro santo e poderoso que transporta almas e corpos. È ele o intermediário indispensável: os índios do outro barco não vão diretamente em direção à Luz; querem ser acompanhados pelo gigante bom que está na proa... 
Assim aconteceu por 13 anos consecutivos! ... 
"A Deus louvado" por esse serviço santo! ...
Planos da Providência! Programas de um Deus que em tempos longos sabe realizar milagres de eficiência, não obstante o espantoso imperversar da maldade humana... É aqui, nestes tempos tristíssimos, humanamente falando, que começa a despontar forte e vigoroso o "NOSSO BAMBU"!...
Terão de passar anos - outros longos anos! - para que possa levantar-se até lá no Alto, mas os começos que marcam uma presença, registram-se aqui, nesta Colônia, neste dificílimo primeiro ano do novo século! Logo depois, com o mérito da santa obediência, Frei Daniel é nomeado também Superior da Colônia, reunindo assim toda a responsabilidade na sua pessoa... Quantas viagens de ida e volta para Belém, a Capital, a fim de obter recursos governamentais indispensáveis para a manutenção da Colônia!...
Quantas recusas e adiamentos!...
Quantos mal-humores a serem acalmados por causa do dinheiro que não era liberado!...
Quantos "jeitinhos" encontrados para enfrentar e resolver todas essas dificuldades!...